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RELIGIOSIDADE É DIFERENTE DE RELIGIÃO!

  • Foto do escritor: Caminhos Alternativos
    Caminhos Alternativos
  • 26 de abr. de 2017
  • 7 min de leitura


Para termos definições semânticas, morfológicas ou lingüísticas – saber o que significa cada palavra, basta nos valermos dos dicionários ou gramáticas existentes, porém, o que desejamos de verdade é ir além do ‘visível’ e ‘definível’, precisamos ir além da ‘letra que mata’ e encontrar o ‘espírito que dá vida’.

Buscamos alcançar a essência, não só destas idéias/conceitos, mas de absolutamente tudo o que for trago para o interior destas paredes. Assim, a 1ª idéia/conceito que buscaremos uma reflexão será sobre RELIGIOSIDADE.

Voltemos no tempo, em um passado remoto, que atinge os primeiros passos da espécie humana aqui no Planeta Terra. Vamos encontrar os primeiros ‘hominídeos’, os habitantes das cavernas e árvores.

Procuremos mentalizar a Terra inóspita, selvagem, cheia de belezas, mas também, povoada de perigos. Busca-se o básico: SOBREVIVER. Antes de buscar o próprio alimento (lembrem-se que ainda não existem os ‘mac girafas’ nem o ‘tele-pizza’). Tinha que existir todo um cuidado em não se tornar alimento para outros (sejam hominídeos ou demais feras).

Saciada a fome e protegidos do perigo, buscava-se cuidar do abrigo contra as intempéries, o tempo era por demais cruel, chuvas torrenciais, sol abrasador e arrasador, gelo, tempestades, vulcões. Além de tudo isto, ainda haviam os instintos básicos de reprodução e manutenção da espécie, além do convívio natural e necessário, natural pelo fato de os seres humanos se atraírem mutuamente (desde os primórdios) para o compartilhar da vida, necessário pela proteção que se ofereciam uns aos outros.

Agora sim, o homem estava alimentado, seguro, aquecido, na companhia de outros...mas, mesmo assim, ainda estava faltando alguma coisa....e o que era afinal? Como explicar aquele sentimento de vazio? Aquela ausência inquietante no íntimo? E de forma simples e natural, lá estava aquele homem, que de forma geral estava satisfeito em suas necessidades ‘mundanas’, inexplicavelmente lançando o olhar para o céu distante, para as estrelas. Ainda não haviam palavras, definições, ninguém sequer cogitava a existência de DEUS, porem, instintivamente, a criatura olhava o firmamento distante buscando encontrar o seu CRIADOR.

O tempo foi passando.

Mais alguns milhares de anos à frente, já encontramos uma maior estrutura existencial no homem: principio de inteligência, presença de sentimentos, o coletivo já estava mais concretizado. O preenchimento daquele ‘vazio’ existencial agora já não se dá com aquele simples ‘olhar para as estrelas’. O vazio é maior. A necessidade de preenchimento cresceu. Este elemento desconhecido (Deus) começa a se aproximar mais do homem (ou será que o homem é que começou a se lançar mais em direção a Ele?).

Os elementos da Natureza se apresentaram. A presença dos raios do Sol e da Lua, a chuva que caia, o vento que passava, o raio que iluminada, o trovão que assustava. Todos passaram a ser vistos com outros olhos, representavam agora algo especial. E passaram a ser envolvidos por sentimentos diferentes e especiais. Ali, em suas manifestações estava Deus, agora já mais próximo e palpável, e a criatura de forma simples e expontânea passou a buscá-lo e a reverenciá-lo.

Continuamos nossa caminhada. Mais alguns milhares de anos...nossa, como o tempo passa rápido.

A necessidade de preenchimento interior estava aumentando. O vazio só crescendo. Por mais que houvesse satisfação e contentamento, alguma coisa continuava faltando. O preenchimento que a natureza apresentava através de seus elementos já não servia. De forma natural esta representação foi lançada nos animais. Deus, agora era percebido na presença de algumas espécies de animais: crocodilos, águias, morcegos...vacas. E o tempo continuou passando, e isto também foi se tornando insuficiente.

Então Deus se manifestou no concreto, trabalhado pelas próprias mãos dos homens: surgiram os totens e estátuas, a principio, sem uma forma definível e clara (vide os monolitos), depois apresentando algumas características humanas – sentimentos, atitudes (vide as carrancas). Por certo tempo, isto foi suficiente, mas logo, o vazio se apresentou em toda sua intensidade e devastação. Este Deus ‘precisava’ estar mais perto do homem.

Eis que algumas ‘misturas’ começaram a ser trabalhadas: corpo de homem, cabeça de animal; partes de corpos de animais mescladas, misturadas. Mas isto logo também se fez insuficiente. Então Deus foi transformado e apresentado na forma de homem. Surgiram os deuses: Zeus, Atlas, Pã, Thor...e este panteão se estendeu a todos os povos (gregos, romanos, egípcios, africanos, etc.).

Outro tanto punhado de areia escoou na ampulheta do tempo. O Criador, agora já com várias denominações (Deus, Allah, Zambi, Tupã, Olorum, Jeová, etc.) é procurado de forma consciente, se apresentando por trás do próprio homem. Temos os sacerdotes, rabinos, sheiks, xamãs, padres, pastores, pais-de-santos, líderes espirituais, etc.

Porém, mesmo estando assim tão perto, como explicar a ainda presente – e insistente – sensação de vazio no intimo da criatura?

Mais alguns passos na caminhada humana e vamos encontrar esta manifestação Superior acontecendo, não mais por trás do homem, mas, sim, no PRÓPRIO HOMEM.

Seriam estes os tempos atuais?

Consegue o homem, hoje, sentir em seu próprio íntimo, o preenchimento para seu vazio íntimo? Seria aqui a concretização do ‘Reino de Deus está dentro de Vós’?

Encontrar esta divindade é o suficiente para a plenitude interior?

Seria isto a explicação para o pedido ‘Buscai primeiro o Reino de Deus e tudo o mais vos será dado por acréscimo’?

Seria este encontro, em verdade, o que se está procurando ao buscar o êxtase do poder, da fama, do sucesso, dos prazeres, das drogas em geral? É possível lançar-se a esta busca sem descuidar-se das questões terrenas?

Onde encontrar tantas respostas?

‘Certa vez, um homem muito virtuoso veio a morrer. Foi então, devido a suas grandes virtudes, recebido por um iluminado anjo do outro lado, que foi logo lhe dizendo: - que bom que vencestes tuas lutas, fizestes por merecer o paraíso. Vamos, o Céu te aguarda. O homem, então, de forma tranqüila falou ao anjo: ‘Por favor, anjo, seria possível satisfazer uma grande curiosidade que tenho? Desejo por demais ver como é o inferno. O anjo então lhe disse: infelizmente não é possível atender o seu pedido, somente entra no inferno os que ali vão habitá-lo. Porém, posso levá-lo até a porta do inferno. – Está bem, anjo (respondeu o homem), já é alguma coisa ver a porta do inferno. Assim, então, o homem foi conduzido até a frente de uma enorme porta de madeira. Encostando nela o seu ouvido, percebeu que no interior do inferno, havia um enorme burburinho. Falou então ao anjo: - Nossa anjo, pelo jeito o inferno está lotado...por acaso lá dentro tem algum espírita? – Sim, respondeu o anjo. – E evangélico? – Sim, respondeu de novo o anjo. – E católico? E budista? E Judeu?...e o homem foi destacando uma a uma, todas as religiões e seitas existentes. E o anjo, a cada uma delas, ia respondendo que SIM. Desanimado, o homem então, pediu que o anjo o conduzisse ao Céu. Lá chegando, antes de abrir as suas grandes portas, o homem ficou admirando. Ouvindo um grande barulho lá dentro, perguntou animado ao anjo: - Nossa, anjo, parece que aqui tem muito mais gente que lá embaixo no inferno? – Sim, respondeu alegre o anjo. Tem algum Católico aqui? – Não. Foi a resposta curta e seca do anjo. O homem assustado, perguntou-lhe então: - E Espíritas? Não. Foi novamente a resposta do anjo. – E Evangélico? Umbandista? Budista? E para cada uma das religiões perguntadas, a resposta era sempre um grande e sonoro NÃO. – Afinal, anjo, estás brincando comigo? Aqui no Céu tem mais gente que lá no inferno e, mesmo assim, afirma que não tem nenhum representante de nenhuma religião? Afinal, quem está no Céu? O anjo, com um bondoso sorriso e um especial brilho no olhar, respondeu-lhe: - Aquele que amou a Deus, acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo’.

Conta uma antiga lenda chinesa, que um poderoso Samurais, guerreiro famoso e sanguinolento, cansado de tantas lutas e com uma grande angústia interior, foi procurar um velho e bondoso mestre, o qual – segundo se afirmavam – conhecia todos os segredos da vida. Após muito andar, em uma bela manhã ensolarada, o Samurai encontrou o velho sábio sentado em uma grande rocha. Dirigiu-lhe a palavra e perguntou se ele poderia lhe mostrar onde era o céu e o inferno. O velho, sem sequer abrir os olhos, pediu que ele voltasse outro dia, pois estava muito ocupado. O samurai, então, retirou-se. Voltando alguns dias depois, encontrou o velho sábio no mesmo lugar, na mesma posição. Então novamente lhe fez a pergunta. E novamente, o velho o mandou embora, não tinha tempo agora para lhe dar atenção. O Samurai começou a sentir um grande incomodo e uma ponta de decepção e ira. No terceiro encontro, o Samurai lhe repetiu novamente a questão. O velho, após longo tempo de silêncio, abriu os olhos e, dirigindo-se ao Samurai de forma ríspida e agressiva, lhe disse: - Por que buscas saber algo que vai além da própria vida? Tu, um guerreiro cruel e assassino, covarde sanguinolento? Não passas de um verme, como ousas levantar teu olhar além da terra? O Samurai, tomado de grande ódio, desembainhou sua espada e quando fazia o movimento com a mesma em direção ao pescoço do velho para decepá-la, este então lhe falou rapidamente: - Isto é o inferno. Parando o movimento da espada no ar, o Samurai emudeceu. Poderia ter matado aquele velho. Ele arriscou sua vida para lhe dar uma simples lição. Ficou claro, pelo nível de sentimentos que ele experimentou, o que representava o inferno. Com o coração cheio de gratidão, lágrimas nos olhos, ajoelhou-se diante do velho e lhe falou com carinho: Obrigado, mestre, obrigado por, mesmo arriscando a vida, ter me dado tão sábia lição. O velho, vendo a sinceridade em suas palavras, passou a mão por seus cabelos e com muita suavidade, lhe falou: - ISTO É O CÉU!’.

Estaria Deus, e consequentemente, este Céu, presente, primeiro em nosso próprio intimo? Sendo assim, o que fazer para vivenciá-lo com intensidade? Como explorá-lo em toda a sua plenitude?

Se está fora de nós, onde está? E o que fazer para alcançá-lo?


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