Zona de Desconforto
- Caminhos Alternativos
- 10 de abr. de 2017
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Zona de Desconforto
O sofrimento, que pode vir apresentar-se sob forma das mais diversas patologias, pode ser considerado como um dos aspectos de manifestação do que chamaremos ´zona de desconforto´, zona esta, que pode ser entendida como uma condição na qual a consciência (criatura) se sente incomodada, desassossegada, importunada e inquieta, com algum grau de mal-estar, insegurança e insatisfação, notadamente, em relação a aspectos incoerentes da auto-manifestação.
Vamos encontrar aqui, um profundo conflito e choque (daí a incoerência acima mencionada) entre o ´Self´ e o ´Ego´. Por mais que a criatura, até então, tenha se locupletado em sua forma de existência, algo em seu íntimo começa a dizer ´basta´. Existe uma clara incoerência entre aquilo que verdadeiramente se é, e aquilo que se está manifestando, estamos diante do que podemos denominar possibilidade de um ´salto quântico´ ou ´salto existencial´, em outras palavras, a evolução bate às portas da criatura, agora, é crescer ou crescer.
Esta ´zona de desconforto´, que também pode ser designada por ´zona de mal-estar´, ´zona de auto-conflitividade´, ´prurido intraconsciencial´, ´incomodo intrapessoal´, ´crise de crescimento´ (entre outros) é um claro convite a uma profunda reciclagem, assim, quanto mais rapidamente a criatura disto se apercebe - evitando revoltas, ressentimentos, cobranças, etc. - mais rapidamente o acesso a novos (e melhores) níveis existenciais se dará, eis aqui a chamada ´pedra de tropeço´ já mencionada pelo Mestre Jesus.
Como nos já foi dito, a evolução pode se dar ´pela dor ou pelo amor´, porém, o que se vê com mais frequência é a opção que a criatura faz pelo martírio e pesar, no entanto, por mais que haja relutância (livre-arbítrio), cedo ou tarde a criatura há de se conscientizar da profunda necessidade de mudança.
Este momento (´zona de conforto´ = sofrimento) pode ser percebido de forma suave ( a ´pulga atrás da orelha´, a sensação de que algo está errado, que algo está fora do lugar) ou de forma mais intensa e clara, isto vai depender da sensibilidade e grau de despertamento de cada criatura, do quanto se está - ou não - atento a sí próprio.
No entanto, a forma como a grande maioria da humanidade está estruturando o seu cotidiano, na superficialidade (das relações, interações, entrega, etc.), valorização das aparências, busca desenfreada pelo ´ter´ , com uma profunda insensibilidade à existência do outro (a não ser que seja para agredir, diminuir, explorar, manipular, etc.), nos leva a acreditar que tal estado de torpor e sonolência exigirá um intenso e profundo ´choque de despertamento´ (outra denominação para desconforto).
Neste estágio existencial, por mais que os elementos externos incomodem, a tensão e o conflito maior estão se dando no íntimo da criatura, afinal, este é um momento totalmente pessoal e intransferível, afinal, não é o ´outro´ que tem que ´nos´ crescer, ´nos´ amadurecer, ´nos´ renovar.
Estamos diante de um ponto de transformação consciencial, todo o conforto que se apresenta é profundamente desconfortável. A ´boa vida´ que se leva grita, cada vez mais ao íntimo da criatura que está acontecendo uma intensa incoerência. O que até então era aceito com naturalidade adquire um peso quase que insustentável e, o mais interessante, é que o incômodo maior está vindo do íntimo da criatura, o que podemos denominar de ´auto-saturação´. Afirmamos aqui que todo mal-estar e incômodo produzido pelo outro, enquanto for considerado o centro do problema, somente estará provocando ´reações´, a verdadeira (e necessária) ´ação´ se dará quando a criatura buscar trabalhar todo o mal-estar e incômodo que vem do próprio íntimo.
Quando a ´zona de desconforto´ ocupa todo o nosso território, sufocando nosso íntimo, somos necessariamente conduzidos a habitar um novo ´espaço´, o terreno torna-se estéril, somos compelidos a buscar novas fronteiras. O problema, é que em geral, tudo isto vem causar uma intensa revolta na maioria das criaturas, revolta esta motivada pela apego (como abrir mão das posses, conquistas, domínios, prazeres?), pela vaidade (abrir mão do ´status´, da posição adquirida? Começar tudo de novo? Aqui sou reconhecido e tenho importância), pelo orgulho (Admitir que não estou bem? Que não sou mais tão feliz?) e pelo medo (como lidar com o novo?), entre outros elementos.
A ´zona de desconforto´ vem colocar em ´xeque´ suas rotinas, seus hábitos, suas crenças, seus valores, suas posses, suas conquistas....A natural ´pressão evolutiva´ se faz presente, há uma imposição natural feita pela renovação. E agora? O que fazer?
Boa reflexão.
Luz.
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